sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Análise da III Conferência Municipal de Políticas para Mulheres em Salvador


Prezadas companheiras de luta, 

O município de Salvador, a capital de um dos maiores estados do nosso país realizou a III Conferência de Políticas para as mulheres. Porém, nós presenciamos um fato lamentável nesta conferência, que mesmo após todo o processo das pré-conferências construído pelas mulheres em suas comunidades, não respeitou o direito a participação das mulheres da periferia que tiveram o seu direito de exercício da cidadania simplesmente descartado. As representantes que se submeteram a diversos critérios para serem indicadas, viram todo o seu esforço de participar, discutir e encaminhar, ser esquecido. Este fato reflete o modo como o município vem sendo administrado, acéfalo. 

Dignidade, Resistência, Organização e Manifestação são ferramentas que não podemos abrir mão, precisamos garantir que para além das quizilas de uma conferência, as mulheres da periferia, em número cada vez maior possam se libertar dos grilhões da submissão, e participar de modo autônomo dos espaços onde a cidadania deve ser respeitada e exercida.

Para as mulheres da periferia, que foram a conferência de Salvador e ficaram decepcionadas com as panelas, ficou a possibilidade de amadurecimento e a necessidade de algumas reflexões: O que é mesmo igualdade de direitos? Quanto custa o exercício da autonomia? Como vamos nos empoderar se nos espaços de cidadania a prática é castradora?

Levantada estas questões, não podemos apenas lamentar, temos que tomar atitude. Todas somos responsáveis por construir uma participação ativa. Nós mulheres da periferia, precisamos saber quem pode restabelecer o vácuo deixado nas famílias cada vez que uma mulher é assassinada nesta cidade. Qual a responsabilidade da sociedade e do poder público na questão? Quem forma a Sociedade Civil? E o que é o Poder Público e quem deve compor estes espaços?  Precisamos entender e contribuir para o entendimento destas questões para que possamos implantar mudanças que sejam realmente efetivas dentro deste sistema político que não beneficia a quem mais interessa: a sua população. 

Continuaremos na luta pela igualdade e participação, exercendo a nossa cidadania e exigindo o nosso direito. 

Muita força e união a todas!! 

Ligia Margarida Gomes

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